Taísa Silveira é uma jornalista baiana de 26 anos de idade, formada há um ano pela Universidade Federal da Bahia. Negra, participa do movimento Maria Preta. Ela mora em um bairro de classe média alta de brancos em Salvador. Estava no III BlogProg para cobrir uma das oficinas na tarde de sábado, 26 de maio.
Madrugadas e ventanias. Fadas e ruídos. Incômodos zumbidos. Palavras em livros. Vida nas palavras.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Rascismo: uma conversa nas margens do III BlogProg
O texto abaixo é parte de minhas memórias do III BlogProg (Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas), realizado em Salvador, Bahia, de 25 a 27 de maio de 2012. Escreverei outros textos, sobre a programação oficial e sobre os debates que envolveram mais de 300 pessoas.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Mãe
Ouvi sons de mulheres que partem de madrugada e chegam depois do anoitecer; ouvi rumores nas ruas de que há mulheres-andarilhas em busca do que fazer; ouvi suas vozes quase sumidas em todas as filas; ouvi dizer que há homens que assumem lugares que a sociedade nunca lhes determinou que fossem seus; ouvi as vozes roucas de mulheres chamadas de loucas porque de alguma forma foram obrigadas a tomar os lugares dos homens; ouvi os gritos de mulheres nas passeatas, nas manifestações, e seus pensares na política, na filosofia, nas artes, na sociologia, e em tantos lugares quantos a Humanidade inventou. Por um momento, fechei os olhos. Ouvi seus passos chegando diante de meus olhos meio turvos no dia que ainda não estava nascendo. Ouvi sua mão cortando o ar com suavidade; senti o calor da proximidade; percebi o aconchego; abracei e fui abraçado em uma viagem de retorno, desembaraço do tempo, um deslocamento no espaço que tem cheiro e mais do que afeto. Tem amor de MÃE!
Mães
Nasceriam
enfileirados, e filhos de todas as línguas, os adjetivos: É coisa que mulher
gosta! Mas nem todas as mães são mulheres. Nem todos os pais são homens.
Vamos
preferir, com aqueles que vieram depois: Contar e inventar fabulosas histórias;
cantar imensas e intermináveis canções; sujar os dedos com sorvete; furar o
fundo do copinho do sorvete só pra ver pingar no pé; pintar as paredes da casa com
lápis de cor; escorregar sobre a grama e depois coçar até ficar vermelho e doer!
Coisas
pequenas também são esquecidas! E as grandes! Mas pode-se fazer mais e com
maior vigor: afugentemos as nuvens com imensos gritos no meio da incalculável ventania!
Sintamos tanto medo de tantas coisas que este medão só passe quando agarremos aquele
que nos olha, e flui dele o nosso tempo futuro que lhe emprestamos; e quando
olhemos para quem nos olha, sentido o forte calor deste abraço que de tão
apertado mal dá para respirar, repitamos sempre: tentei o melhor que pude
cuidar deste lugar que você me emprestou!
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