quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O fim dos partidos não é o fim da Política


Há clara distinções na Política dos partidos na República. Talvez não as haja em pessoas nos partidos hegemônicos nesta capitania. Foi o que pensei ao ver a fotografia de James Tavares de 19/12/2012 em que o sorridente governador Raimundo (PSD) contempla o seu vice Pinho Moreira (PMDB) apertar a mão de Ponticelli (PP) sob os bigodes de Titon (PMDB) após o acerto de contas sobre a presidência da Mesa da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. 
Dentre os princípios que norteiam o PSD estão "o respeito aos cidadãos pagadores de impostos", a "reforma trabalhista" e o "direito à propriedade". Ressalto do PMDB: "As empresas, estatais ou privadas, devem pautar suas estratégias de produção e gestão levando em conta o interesse público. As grandes concentrações de poder econômico devem estar sujeitas a um permanente controle democrático". O PP defende um "sistema econômico livre, que favoreça a prática das regras de mercado, mas que tenha como objetivo maior o bem-estar dos brasileiros e a eliminação das desigualdades". Marque com um "x" a alternativa destoante e continue lendo.
Há claras diferenças entre os partidos políticos de que trata a imagem. Mas todos são base do governo de Dilma Roussef (PT, ex-PDT). Parece o samba do crioulo doido. Mas não é. É um poema, em que Raimundo amava o poder, Pinho também amava o poder, Ponticelli, idem, e Titon, também. E Dilma, onde entra? Não entra, ela não concorda ou discorda dessa história ou do fim que ela terá. Por quê? Porque, no fundo, ela é a Presidenta da República e quanto mais apoio, melhor, o que Raimundo repete na sua capitania.
Então vejamos que as claras distinções da Política dos partidos não se verifica no mundo real. É nos livros. Eles dizem que a tradição da Política dos partidos está nas visões de Estado, a quem ele serve e atende em primeiro grau, e como trata as disfunções provocadas pelos poderosos alienígenas com sobrenome Mercado.
Não há como limpar a política e diferenciá-la da Política nos partidos porque para tanto é necessário mais do que aquilo que o senso comum considera “ético”. Para que a Política dos partidos seja executada, é necessário princípio. Princípio é alguma coisa pétrea, imutável. Portanto, é algo incomum aos seres dessa política que rasteja pelo poder.
Princípio é lutar nos campos abertos das desigualdades assumidas. E, acima de tudo, perder e não fazer acordo. E também vencer sem fazê-lo. O acordo parece benéfico na primeira olhada. Todos saem com alguma coisa que pretendiam. E escondem o que mais era necessário para a boa Política: o princípio. Porém o todo de que tratamos é ninguém. É apenas uma figura de linguagem que a política (aquela que rasteja) utiliza para fazer o Todo pensar que foi bom enquanto durou e para não saber o quanto foi ruim.
Os partidos estão decretando a descrença sobre a existência de princípios na Política. É preciso que encontremos, urgentemente, políticos com princípios, para que tenhamos partidos com a mesma potencialidade. Ou vamos continuar numa crescente, em que partidos políticos não se atrevem a lutar em campo aberto, lugar que expõem seus princípios e, portanto, as suas diferenças. Da forma com que andamos, o poder é a única solução para os ajuntamentos de pessoas sob siglas que falseiam partidos.
Mas, e os princípios da Política? Bom, isso é para os livros e, mais atualmente, para a Wikipédia.