Desci ao vale agora
cercado de luzes de casas e prédios e de caminhões e carros, mas
onde antes havia mata e dentro dela uma lenda: Tigre Velho.
Desci ao vale. Neste
lugar, o calor é imenso se a brisa do Sul perde para outros ventos.
Mas quando ele domina, ou chove ou a fresca tira de casa até mesmo
os mais acomodados para uma volta na praça. É só para uma volta.
As águas coloridas do chafariz não apareceram. A concha acústica
nada ecoou. Mas a árvore centenária, escorada como uma anciã nos
últimos 50 anos, de boa memória lembra da menina que subia em seus
galhos para se sonhar trapezista. Os anos de
1940 deslizavam suavemente, como as patas dos cavalos pelas ruas
empoeiradas e o compasso da boiada.
Desci ao vale para
ouvir o lamento do Rio dos Queimados e o silêncio dos brinquedos do
parquinho da praça. E de volta, trouxe uma romã na bagagem.