segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Segunda

Mar mordendo dentes debaixo das arraias que voam acima das nuvens; ventos em caracóis; sons de solavancos escondidos nos silêncios; arremessos de sentimentos - invisíveis; conexões infantis de uma  adolescência que permanece - mundo na janela, de transparência duvidosa; mundo inquieto alagado por dentes que mordem arraias nesses mares revoltos em que nadam pássaros de algodão e nuvens; segunda-feira recomeça começando silenciosa e ausente de ontem. Abrirá o sol daqui a pouco, abraço pelo vento gelado da Primavera. Verterão imagens nos espelhos da cidade. O dia seguirá adiante, empurrado pela suavidade das palavras. Os ventos verterão outros caracóis, lineares e silenciosos, que se chocarão, em suaves embalos, contra cantos e paredes. Olharemos no espelho para verificar que hoje é mesmo segunda. E preguiçosamente vamos abrir a porta e sair, sentando ao lado a sonolência que ficou.