cada vez mais lento
vai apertado pela engenharia
vai espremido pela modernidade
vai entupido de sobras da humanidade
vai sufocado por gigantesca parede - concretoferrotijolo
vai quase morto
na busca de uma saída
se maré alta e vento Sul não lhe batem
extravasa na baía
e foge da solitária prisão
e quase pode respirar outra vez
e mesmo moribundo agora tem o mundo para além das escotilhas fechadas a ferro pelos operários da Prefeitura
(se acabe no mar
rejeito da humanidade
e conte a todos cada curva do curto cortejo)
pretume nojento
guarde volume e força pra desaguar no mar
enquanto bebo minha cerveja e aprecio pernas torneadas e bronzeadas aos sábados pela manhã protegida pelas sombras do Paredão