Madrugadas e ventanias. Fadas e ruídos. Incômodos zumbidos. Palavras em livros. Vida nas palavras.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Pedal no poste!
O pingo pingou em chuva e a janela estava aberta e na sala o gato bocejava sobre o sofá. O ciclista empurrou a bicicleta montanha acima numa tarde e atravessou a nuvem e com ela se misturou. O pingou passou pelo ciclista e pingou em chuva e dissolveu o sangue que ficou misturado com a areia na beira do caminho. O pingo atravessou o ciclista. O ciclista atravessou a nuvem e com ela se misturou depois de morrer na beira do caminho. Nunca mais chegará a outro destino. A bicicleta, pedalava no acostamento. Ela ficou ali, retorcida como o corpo do ciclista. Ele morreu. A bicicleta morreu. Morreu o ar que estava em seus pulmões e os pés que faziam ranger os pedais, correia, pneus e aros. Florianópolis se transforma em um grande cemitério; fantasmas nos postes e seres que atravessam nuvens e por elas são atravessados! Não muito distante, veremos magníficos anúncios publicitários: venham ao circo dos horrores, trafeguem em seus carros mais do que velozes e descontrolados apreciando infinitos postes recheados de bicicletas fantasmas. Ilha. Afoga-se no sangue dos pedais! Partiu mais um, partido por um motor, lata, plástico e ferro e exigente de mais espaço! Foi no acostamento. Ali ficou o pedal. O pedaleiro será pendurado no poste, como um crucifixo. (Veja a notícia)