Um
varal literário é como um prato de sopa no Inverno; sol no Verão; água salgada
no Mar; um varal literário é também plena expiação, exposta ao Universo, pois
que agora podem nos ver e mexericar sobre nossas vidas com olhos que navegam
acima da estratosfera. Um varal literário é letra morta e letra viva, maçaroca
que não se explica, sem fim, começo ou nada; tudo pode ser um varal literário.
Mas é uma corda viva, pensamentos ligados e desligados com a maléfica intenção
de obrigar o sujeito a se curvar e, em se curvando, olhar-se, olhar para dentro,
ver-se como é fora, portanto, e explorá-lo ao ponto de torná-lo outro com o
mesmo nome, endereço e CPF. Um varal literário provoca para que sejamos
operários, mães e filhos de outras mães; que sejamos ali, diante da corda,
aquele semblante esquálido que se escora nos muros de nossas cidades sem pedir
nada, mas que sabemos, quer tudo: um beijo. Um varal literário tem vida própria
e sangue próprio. Um varal literário não é apenas um varal literário, pois veja
como se arca com o peso de tantas letras, de tantas coisas boas e más ditas, de
tantos anos somados de tantos autores. Um varal literário não é um varal
literário. É apenas um nome e um sobrenome com endereço incerto e sem CPF. É um
ser esquisito, moderno e antigo, que se dá ao parto em cada lugar que se
instala, e em parindo-se, pare outros em nós. (Estaremos, eu e esse texto, no varal literário do 9º Encontro da Experiência do SINJUSC)