sexta-feira, 26 de julho de 2013

Nota

Tinha, bloco de notas, talvez rala anotação; alguma vencida; outra, pequena palavra perdida; nota mesmo, no bloco, com esse nome, havia não; pequenos sintomas da minha vida: breves itinerários do coração; tinha, bloco de notas, palavra aqui, outra acolá, e entre outra e uma, afastamento e solidão; mas nem disso, assim declarado, tratava a palavra: queria mesmo tornar-se escrava da solidão!, dessas que se encontra na copa das árvores; de manhã, mais que cedo, tocando o chão com pensamento; ou quando, luz apagada, a mão, mero descuido sonolento, toca a pele da invenção; nota no bloco, havia não; tinha número de telefone, data de aniversário; endereço já derrubado; nota mesmo fiquei de fazer uma hora, na mesma hora em que, alucinado, a palavra saltou dos dedos. E o bloco de notas ficou atrás da minha vagabunda imaginação.