quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Janela

eram borboletas tinindo de azuis presas na  janela. vez ou outra, uma escapulia, e ao dar de frente com o sol, pintava-se de vermelhos. outras, foragidas durante a noite, acinzentavam-se. eram borboletas tinindo de azuis presas na janela. de outro jeito, eram borboletas arco-íris viajantes da terra (imagem do magiadailha.blogspot.com.br)

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Tempo

me acompanha, espasmo exato, demarca exato e finito embalo; e neste embalo entorta a curva que me ergueu e cair me faz; enquanto embala de um lado a outro, de lado a outro se pode ir sem que se vá para trás; adiante sempre empurra sem que haja mão que age, ou corpo, ou processo físico; é como o tísico cuja tosse o faz andar sempre adiante, nunca para trás, porque se esse movimento faz não é andar, mas como o finito embalo, que ao parar se finda e finda também o badalo, o ruído das engrenagens, enfim, se acaba ali a vida daquela hora, é o mesmo espasmo daquele do relógio que ao cair o corpo cai sobre a mortalha

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Segunda

Mar mordendo dentes debaixo das arraias que voam acima das nuvens; ventos em caracóis; sons de solavancos escondidos nos silêncios; arremessos de sentimentos - invisíveis; conexões infantis de uma  adolescência que permanece - mundo na janela, de transparência duvidosa; mundo inquieto alagado por dentes que mordem arraias nesses mares revoltos em que nadam pássaros de algodão e nuvens; segunda-feira recomeça começando silenciosa e ausente de ontem. Abrirá o sol daqui a pouco, abraço pelo vento gelado da Primavera. Verterão imagens nos espelhos da cidade. O dia seguirá adiante, empurrado pela suavidade das palavras. Os ventos verterão outros caracóis, lineares e silenciosos, que se chocarão, em suaves embalos, contra cantos e paredes. Olharemos no espelho para verificar que hoje é mesmo segunda. E preguiçosamente vamos abrir a porta e sair, sentando ao lado a sonolência que ficou.