quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Campos de escravos

Eram coisas atiradas no meio da casa
sapatos, lantejoulas, crista de galo
crista de galo?!
Copo quebrado, gelo derretido, certidão de nascimento
cigarros partidos exatamente ao meio
um maço amassado
as portas estavam meio abertas, meio fechadas
o vento Sul atiçava as cortinas para uma dança sensual e muito nervosa
e as mechas de cabelos tentavam soltar-se da cabeça para um voo sem destino
ele vomitou dormindo, e aconchegou a cabeça sobre uma poça de vômito, e delirou uma revolta revolucionária em que abandonaria para sempre as longas franjas enegrecidas, trocando as baladas chorosas pelo contundente blues dos campos de escravos