sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mãe


Ouvi sons de mulheres que partem de madrugada e chegam depois do anoitecer; ouvi rumores nas ruas de que há mulheres-andarilhas em busca do que fazer; ouvi suas vozes quase sumidas em todas as filas; ouvi dizer que há homens que assumem lugares que a sociedade nunca lhes determinou que fossem seus; ouvi as vozes roucas de mulheres chamadas de loucas porque de alguma forma foram obrigadas a tomar os lugares dos homens; ouvi os gritos de mulheres nas passeatas, nas manifestações, e seus pensares na política, na filosofia, nas artes, na sociologia, e em tantos lugares quantos a Humanidade inventou. Por um momento, fechei os olhos. Ouvi seus passos chegando diante de meus olhos meio turvos no dia que ainda não estava nascendo. Ouvi sua mão cortando o ar com suavidade; senti o calor da proximidade; percebi o aconchego; abracei e fui abraçado em uma viagem de retorno, desembaraço do tempo, um deslocamento no espaço que tem cheiro e mais do que afeto. Tem amor de MÃE!