sábado, 1 de setembro de 2012

Fragmentos

Eram apenas fragmentos pendurados nas teias das horas. Foram alguma coisa: um copo, um líquido, um afinado engolir de ar; música, poema, um farfalhar. Eram fragmentos desconectados pendurados nas teias entumecidas. Quando a luz amarela da cidade entrou pelos buracos das janelas a aranha despencou. Ainda viu fragmentos amarelos voando em sua direção. Veio o sol. A faxineira espanou as poeiras dos cantos e com a pazinha ajuntou o resultado do seu trabalho. A aranha e os seus fragmentos espremeram-se entre um vidro de pepino e bilhete amassado.