terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Fim de tarde

Era um filme de terror na TV e a Mauro Ramos estava trancada, e as ruas estavam trancadas desde as pontes e muito além. A garota da boate do outro lado da rua queria sair logo mas os carros na avenida não andavam. Ela queria sair para um compromisso de mil dólares em Jurerê. O caos das pontes atrapalhava sua ida mais ao Norte. Mas ela nem imaginava como estava a estrada além do Cemitério, aquele entroncamento funesto onde todos andam mais devagar e o tempo não passa. Os mil dólares dela virariam pó caso o trânsito não retomasse aquele ritmo do Inverno. Mas é Verão. Todos querem ir para qualquer lado antes que chegue o Vento Sul novamente. O calor estava de matar e a mulherzinha enfurecida chutou a porta do táxi. Avisou pelo telefone que nem de barco chegaria na hora. Os carros paralisaram desde as pontes e mais além. E no entrocamento do cemitério e mais além, no morro da Lagoa e muito antes de Santo Antônio. A cidade parada no trânsito. Era um filme de terror na TV ligada quando saí para a Hercílio Luz. Ali os cães e seus donos passeiam e as sombras do Paredão dão um enfeite de sombra de Inverno no final da tarde. E na padaria do Seu Zezinho tem pão saído do forno naquela hora.