quinta-feira, 23 de julho de 2015

Coisas improváveis

O homem saiu do mercado e pisou sobre o cadarço branco. Viu logo adiante uma parede com um vão curto que pensou em usar como apoio para dar o laço no cadarço. Mas não pôde. Passava uma multidão de estudantes barulhentos em protesto que o levou junto até quase a esquina da Tenente Silveira. Quando conseguiu se livrar, apoiou o pé no degrau da loja de roupas finas masculinas. De dentro da loja saía um casal discutindo sobre o valor das compras. O homem curvado buscava a outra ponta do cadarço quando foi atingido na cabeça por uma  barriga avantajada. Foi como ter sido atingido por uma mola. Deu o primeiro passo para trás e quando colocava o outro pé no chão para ficar ereto e não se estatelar no meio da rua, pisou no cadarço desamarrado. Rodopiou, raspando em uma placa amarela de desvio de trânsito para a execução de uma obra pública. Era meio-dia. Os operários estavam almoçando. E o bueiro estava sem tampa.