terça-feira, 21 de junho de 2016

Tinta

meus dedos manchados de tinta tocam as bordas da lua e os meus lábios murmuram teias junto aos teus ouvidos. do outro lado da janela a bicicleta amarela passa pra lá e pra cá e depois muda de rumo e some dentro da floresta. assim desse jeito nunca mais a verei e na lembrança haverá apenas um filme de 4 ou 5  segundos, enquanto a bicicleta amarela passa atrás dos vidros sujos de pó. nem sei mesmo se com o decorrer da primeira ou da segunda semana o que a minha mente vê será essa verdade. ou se o que vejo é uma mistura de imagens de uma propaganda de pipoca e a minha vontade de pedalar por aí. meus dedos manchados de tinta vermelha tocam as bordas da lua e meu estômago ronca de fome e meus lábios gemem de dor e alegria desfazendo as teias dos teus cabelos