terça-feira, 24 de março de 2015

Mar aberto

"muchacha pechos de miel, no corras más,
quedaste hasta el dia..."

a menina corre na praia junto com o entardecer e o vento empurra suas curvas para dentro da água gelada e seus pés quebram ondas miúdas e das pequenas ranhuras das quebraduras na imensidão salgada nascem bolhas, sussurros e saliva que se desprendem do universo e somem em grandes e pequenas imensidões salgadas. a menina corre na praia sem tocar a areia, e quebra pequenas ondas com as curvas do corpo, e seus seios pequenos e doces acalmam as nuvens que ainda rodopiam no horizonte do vento naufragado. mas mesmo assim o céu esfumaçado e pesado ruge. a menina rompe o mar e as ondas que pretendiam se erguer violentas amolecem. o mar aberto e gelado acolhe arrepios cerebrais. a ventania se desprende em riscos de luz e batidas eternas na pele, e a cabeça se perde entre o céu e a terra, e uma onda gigante entra pelos dedos e se destrói em cargas e descargas elétricas que arrebentam a realidade. o corpo molhado lamenta um sorriso e morre.