quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Às 4h44min

Às 4h44min de ontem acordei e aqueles imensos olhos pesavam sobre o meu peito. Às 4h44min de hoje, quando um tiro no filme da TV clareou o quarto, meu peito ardeu e eu acordei. Aqueles imensos olhos pesavam sobre o meu peito. Pude ver todas as curvas de suas íris e eles me olhavam como se estivessem ali, fixados nos meus, a noite toda. Eu estivera dormindo porque lembro apenas de o relógio da TV marcar 4h44min da madrugada e sentir o peso daqueles olhos sobre o meu peito, afundando os meus pulmões, comprimindo minhas costelas, e eu ofegante, sem entender nada naqueles primeiros instantes e depois ver os intermináveis círculos dentro das íris e me ver neles como em espelhos côncavos e convexos. Às 4h44min de ontem e de hoje despertei com olhos esbugalhados querendo se enfiar dentro dos meus olhos e chupando todo o ar em volta de minha cabeça. Eu tentei saltar para fora da cama, mas não encontrei as minhas pernas.