sábado, 17 de dezembro de 2011

Eu vi um rio na Hercílio Luz

cada vez mais lento
vai apertado pela engenharia
vai espremido pela modernidade
vai entupido de sobras da humanidade
vai sufocado por gigantesca parede - concretoferrotijolo
vai quase morto
na busca de uma saída

se maré alta e vento Sul não lhe batem
extravasa na baía
e foge da solitária prisão
e quase pode respirar outra vez
e mesmo moribundo agora tem o mundo para além das escotilhas fechadas a ferro pelos operários da Prefeitura

(se acabe no mar
rejeito da humanidade
e conte a todos cada curva do curto cortejo)

pretume nojento
guarde volume e força pra desaguar no mar
enquanto bebo minha cerveja e aprecio pernas torneadas e bronzeadas aos sábados pela manhã protegida pelas sombras do Paredão